Polícia Federal (PF) prendeu funcionária nesta sexta-feira
(11) em Salvador. 23ª fase da Lava Jato investiga pagamentos ilícitos por parte
da Odebrecht.
A
funcionária da Odebrecht Angela Palmeira Ferreira, que foi presa nesta
sexta-feira (11) em Salvador (BA) pela Operação Lava Jato, é considerada pela
Polícia Federal “pessoa chave” para pagamento de vantagens indevidas e lavagem
de dinheiro por parte da empresa.
Ela
foi detida em uma ação de desdobramento da 23ª fase da operação que recebeu o
nome de "Acarajé". Este é, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato,
o termo utilizado pelos suspeitos para definir “recursos em espécie”.
Nesta
etapa, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal apuram pagamentos
feitos pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana, que trabalhou em campanhas
eleitorais do PT. Foram US$ 3 milhões no exterior e R$ 22,5 milhões no Brasil,
segundo as investigações.
A
suspeita é de que a fonte dos recursos seja o esquema de corrupção de desvio de
dinheiro da Petrobras.
Angela
Ferreira foi presa em casa. A prisão é temporária, ou seja, tem prazo de cinco
dias. Ela pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva,
que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo
pré-determinado.
As suspeitas
De
acordo com a Polícia Federal, Angela Palmeira Ferreira trabalhava na mesma
equipe de Maria Lucia Tavares, que foi apontada pelas investigações como a
responsável pela contabilidade paralela da Odebrecht destinada a pagamentos
ilícitos. Maria Lúcia Tavares chegou a ficar presa por dez dias em Curitiba.
Os
investigadores afirmam ter identificado e-mails de Angela Ferreira para Maria
Lúcia Tavares com planilhas com codinomes que sugerem entradas de valores em
conta corrente paralela mantida por operadores financeiros.
O
Ministério Público Federal (MPF) afirma que a analise da planilha indica que as
transferências superam 50 milhões (não é especificada em qual moeda). Para os
procuradores, o fato revela indícios de que Angela Ferreira tinha participação
expressiva no esquema de pagamento de propina realizado pelo Grupo Odebrecht.
"Há,
portanto, evidências de que Angela Palmeira também faça parte da
Organização Criminosa instalada no
âmbito da Odebrecht para o cometimento de crimes de corrupção, lavagem de
ativos, dentre outros", dizem os procuradores.
Ao
autorizar a prisão de Angela Ferreira, o juiz Sérgio Moro afirmou que a
movimentação teria ocorrido nos meses de outubro e novembro de 2014 e fevereiro
de 2015. Período em que a Lava Jato já estava em andamento.
"Assim,
há fundada suspeita de que Angela Palmeira Ferreira seria responsável,
conjuntamente à Maria Lucia Guimarães Tavares, pelo gerenciamento, na
Odebrecht, de valores ilícitos milionários destinados a terceiras pessoas ainda
não totalmente identificadas", diz o juiz.
A
prisão, na avaliação de Moro, mostrou-se imprescindível para evitar que,
durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, houvesse perturbação
na colheita e exame dos documentos pela Polícia Federal.
Viagem para Miami
A
Polícia Federal afirma que Angela Ferreira e Maria Lucia Tavares viajaram para
Miami (EUA) em 15/6/2015 e retornaram em 22/6/2015. O voo saiu quatro dias
antes da deflagração da 14ª fase da Lava Jato, que prendeu o então presidente
da holding Odebrecht S.A, Marcelo Bahia Odebrecht, e outros diretores da
empresa.
“Curiosamente,
a viagem a Miami das funcionárias da Odebrecht coincidiu com a deflagração da
14ª Fase da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão de executivos da
Odebrecht, inclusive do presidente da holding, Marcelo Bahia Odebrecht”, dizem
os delegados.
Em
agosto de 2015, Angela Ferreira e Maria Lucia Tavares foram remanejadas na
empresa.
“(...)
Parece-nos claro que o remanejamento das duas funcionárias – integrantes de
equipe encarregada tão somente do gerenciamento de recursos de origem espúria,
os quais eram disponibilizados em espécie a diversos destinatários – foi
pensado e calculado pela administração da Odebrecht no intento de blindar, em
algum grau, o restante da organização criminosa lá incubada”.
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