O
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), anexou trechos da
delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) ao maior inquérito da
Operação Lava Jato em andamento na Corte, com 39 pessoas investigadas.
Entre
as partes inseridas, há citações à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente Michel Temer.
A
inclusão não os torna investigados no caso, mas acrescenta informações no
inquérito, destinado a revelar como funcionava a "organização
criminosa" que desviava recursos da Petrobras em benefício de partidos e
políticos.
O
pedido foi feito na semana passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot. A partir de agora, ele deverá analisar se as pessoas citadas por
Delcídio deverão ou não ser investigadas nesse mesmo inquérito.
Num
dos trechos inseridos, Delcídio conta, por exemplo, sobre como Nestor Cerveró
se tornou diretor da Petrobras e depois da BR Distribuidora no governo Lula,
quando Dilma era ministra e Temer presidente da Câmara.
Ele
disse que a nomeação para a Petrobras, no início do governo Lula, contou com o
aval do ex-presidente e de Dilma, na época ministra de Minas e Energia.
Após
2005, porém, com o escândalo do mensalão, Cerveró teria sido “adotado” pelo
PMDB do Senado, dando ajuda também ao PT, pedindo “doações” de fornecedores a
políticos, por exemplo.
Ao
falar sobre o caso, Delcídio também cita os nomes do ex-ministro Silas Rondeau,
e dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), Renan Calheiros
(PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), como supostos beneficiários de “vantagens
ilícitas” da Diretoria Internacional. Em declarações anteriores, todos sempre
negaram ter cometido irregularidades.
Delcídio
também conta que, em 2007, após decisão da Câmara de aprovar a volta da CPMF, a
Diretoria Internacional da Petrobras passou a ser comandada por indicado do
PMDB da Câmara, Jorge Zelada, que supostamente tinha a chancela de Temer.
No
pedido para inclusão dos trechos, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, citou que o esquema consistiu no financiamento por parte de empresas à
campanha de políticos que, uma vez no poder, defendiam os interesses dessas
empresas.
As
vantagens indevidas, segundo Janot, eram pagas aos políticos de quatro formas:
valores em espécie, transferências entre empresas, depósitos em contas no
exterior e doações oficiais de campanha.
Para
o procurador, Delcídio mencionou "inúmeros fatos que representam
desdobramentos diretos dos fatos criminosos em apuração" no Supremo, além
de ter indicado outros personagens. Ele afirmou que "faz-se necessário o
aprofundamento das investigações".
O que dizem Dilma, Temer e Lula
A
assessoria do Palácio do Planalto informou que não comentará a inclusão das
citações à presidente Dilma Rousseff no inquérito.
A
assessoria de Temer informou que a delação de Delcídio comete
"equívocos", pois o então presidente do PMDB não indicou
"ninguém" para a Diretoria Internacional da Petrobras, e quem o fez
foi a bancada do PMDB de Minas Gerais, portanto, "não têm conexão com os
fatos mencionados", segundo a assessoria.
O
Instituto Lula, que representa o ex-presidente informou que ele já depôs nesse
inquérito e prestou todos os esclarecimentos.
"O
ex-presidente já depôs neste inquérito e prestou todos os esclarecimentos as
autoridades, no dia 16 de dezembro de 2015. O ex-presidente Lula sempre agiu
dentro da lei e a favor do Brasil antes, durante e depois da presidência da
República", informou o instituto.