Dois pesos e duas medidas
A representante brasileira da organização
Human Rights Watch, Maria Laura Canineu, classificou como “incoerente e hipócrita”
a negativa do presidente da Indonésia ao governo brasileiro, ao mesmo tempo em
que pede clemência à Arábia Saudita. De acordo com ela, o país utiliza “dois
pesos e duas medidas” quando a questão é pena de morte.
— É uma hipocrisia da
parte dele (do presidente). Ele nega clemência para uma pessoa que cometeu um
crime que não é violento, que não envolve morte, e pede clemência a outro país
para alguém que cometeu um crime violento. É claro que somos contra a execução
em qualquer um dos casos — disse Maria Laura.
De acordo com ela, com a
decisão, a Indonésia desrespeita o Pacto Internacional Sobre os Direitos Civis
e Políticos, ao qual aderiu em 2006, e deve ser pressionada internacionalmente
por isso.
— A Indonésia tem que ser
um país que receba cada vez mais pressão internacional. O país precisa sofrer
um processo de exposição e ‘envergonhamento’ internacional forte, por estar
indo contra os padrões de direitos humanos — argumentou Maria Laura.
Segundo artigo da Human
Rights Watch, a legislação internacional de direitos humanos restringe a pena
de morte a crimes considerados mais graves que resultam em morte ou lesão
corporal.
— Somos contra a pena de
morte especialmente por dois motivos: primeiro, a crueldade inerente. E
segundo, porque é uma pena irreversível. Não podemos achar que algum sistema de
Justiça no mundo é perfeito, de forma que possam ser submetidos à pena de morte
indivíduos que sejam inocentes — afirma a representante da instituição.
A Human Rights Watch analisa
que as execuções previstas para hoje (pelo horário do Brasil) refletem o apoio
do recém-eleito presidente da Indonésia, Joko Widodo, à pena de morte como uma
“terapia de choque importante” para os infratores da legislação antidrogas.
Para Widodo, os traficantes de drogas que estão no corredor da morte
colaboraram para “a destruição do futuro da nação”.