Entre 1994 e 2014,
foram contabilizadas 29 mortes de jornalistas brasileiros. Eles morreram por
ações de represália a seu trabalho ou em situações de combate ou conflito
O
cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, registrava um confronto entre
policiais e manifestantes em um protesto no Rio de Janeiro em fevereiro deste
ano quando foi atingido na cabeça por um explosivo.
Ele
foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
A
morte de Andrade durante o exercício de sua profissão contribuiu para um triste
índice brasileiro: O país é atualmente o 11º país mais perigoso do mundo para
se exercer o jornalismo, segundo o “Índice de Impunidade”, publicado anualmente
pelo Comitê de Proteção a Jornalistas.
A
maioria dos jornalistas mortos trabalhava para veículos impressos (48%) e
cobria casos de corrupção (59%). Todos eram homens.
A
organização sem fins lucrativos monitora a violência contra esses profissionais
por meio de seu ranking anual publicado desde 2008.
Represália
Entre
1994 e 2014, foram contabilizadas 29 mortes de jornalistas brasileiros. Eles
morreram por ações de represália a seu trabalho ou em situações de combate ou
conflito.
Em
outros nove casos, o motivo da morte não pôde ser determinado e, por isso, eles
não foram contabilizados no índice.
Em
93% das mortes registradas, os jornalistas foram assassinados.
Autoridades
do governo foram consideradas responsáveis pelos disparos de armas de fogo em
56% das mortes. Os tiros partiram de criminosos em 33% dos casos.
A
taxa brasileira foi a terceira mais alta da América Latina, onde a Colômbia é
líder, com 45 mortes, seguida pelo México, com 30.
Líderes
O
Iraque é de longe o país com mais mortes no ranking do comitê, num total de
164. Num distante segundo lugar estão as Filipinas, com 76 mortes. A Síria vem
logo atrás, com 63.
“Esse
índice mede como os países lidam com a violência contra a imprensa”, afirmou o
comitê no anúncio dos resultados atualizados de 2014. “No Iraque, uma centena
de jornalistas foi morta na última década e ninguém foi punido.”
No
caso do Brasil, 70% das mortes seguem impunes, enquanto em 19% dos casos os
culpados foram punidos parcialmente. O comitê avaliou que somente em 15% das
mortes a justiça se fez por completo.
Por
enquanto, o caso de Andrade continua em andamento. Fábio Raposo Barbosa e Caio
Silva de Souza, acusados pelo Ministério Público de provocar a morte do
cinegrafista, estão presos no Complexo Penitenciário de Jericinó, em Bangu, na
Zona Oeste do Rio, enquanto aguardam julgamento.
Vejam quais são os onze países mais perigosos para jornalistas
1. Iraque:
164 mortes
2. Filipinas:
76 mortes
3. Síria:
63 mortes
4. Algéria:
60 mortes
5. Rússia:
56 mortes
6. Paquistão:
54 mortes
7. Somália:
52 mortes
8. Colômbia:
45 mortes
9. Índia:
32 mortes
10. México:
30 mortes
11. Brasil:
29 mortes