Lições
da virada do Século
Na
primeira década do século 20 é, para Campinas, um período de ressurreição. Neste
período a cidade empregou grande parte de suas energias em alternativas para
renascer das cinzas da enorme catástrofe representadas pelos sucessivos surtos
de febre amarela, que chegaram a matar pelo menos 2.500 pessoas entre 1889 e
1900. O número de óbitos representava cerca de 6% da população – em termos
comparativos, é como se 139.800 moradores de Campinas morressem hoje em uma
epidemia.
Com
a febre amarela, Campinas perdeu de vez a corrida com São Paulo pela liderança
politica e econômica no Estado. Entretanto, a forma como a cidade conseguiu se
reerguer comprovou o enorme dinamismo de sua sociedade.
Múltiplos
ingredientes de ordem social e econômica contribuíram para a recuperação de
Campinas nos anos 1900 – 1909. O café, que ainda era a principal base econômica
do Município, continuava sendo o principal item da pauta de exportações
brasileiras na virada dos séculos 19 e 20. Nesse período o Brasil respondia por
mais de 50% das vendas mundiais de café, e dois terços dos cafezais brasileiros
estavam em municípios paulistas, sob a liderança de Campinas. O outro
ingrediente foi a diversificação da economia campineira, que seria fundamental
para manter o vigor da cidade mesmo com o forte declínio do poder do café a
partir de 1929. Em função do capital acumulado pelo setor cafeeiro, nas
primeiras décadas do século 20 consolidou-se em Campinas um importante polo
comercial e de serviços, além de um parque industrial cada vez mais sólido.
Outro
ingrediente fundamental para o renascimento de Campinas nas décadas de 1900 –
1909 foi a influência dos imigrantes europeus na cidade. Campinas foi um dos
principais polos de atração de imigrantes europeus (italianos, portugueses,
espanhóis, suíços e alemães), durante o processo de substituição da mão-de-obra
escrava no final do século 19. No inicio do século 20 os imigrantes continuaram
chagando à cidade e, em 1918, os estrangeiros já somavam 23,3% da população, de
cerca de 100 mil pessoas. Em 1905 os estrangeiros já eram donos de um terço das
propriedades agrícolas, índice que sobe para 50% em 1920.
Outro
elemento vital para a redenção de Campinas nos anos pós-febre amarela foi o
elenco de ações voltadas para garantir a saúde pública e qualidade de vida em
geral. Os vários segmentos sociais – se convenceram de que o empenho pelo bem
coletivo era o caminho mais curto para a construção de uma comunidade próspera
e mais feliz. Esta é a grande lição a ser apreendida dos primeiros anos do
século 20 em Campinas.
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