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sábado, 22 de fevereiro de 2014

1900 – 1919 A Cidade da Esperança

Lições da virada do Século

Na primeira década do século 20 é, para Campinas, um período de ressurreição. Neste período a cidade empregou grande parte de suas energias em alternativas para renascer das cinzas da enorme catástrofe representadas pelos sucessivos surtos de febre amarela, que chegaram a matar pelo menos 2.500 pessoas entre 1889 e 1900. O número de óbitos representava cerca de 6% da população – em termos comparativos, é como se 139.800 moradores de Campinas morressem hoje em uma epidemia.
Com a febre amarela, Campinas perdeu de vez a corrida com São Paulo pela liderança politica e econômica no Estado. Entretanto, a forma como a cidade conseguiu se reerguer comprovou o enorme dinamismo de sua sociedade.
Múltiplos ingredientes de ordem social e econômica contribuíram para a recuperação de Campinas nos anos 1900 – 1909. O café, que ainda era a principal base econômica do Município, continuava sendo o principal item da pauta de exportações brasileiras na virada dos séculos 19 e 20. Nesse período o Brasil respondia por mais de 50% das vendas mundiais de café, e dois terços dos cafezais brasileiros estavam em municípios paulistas, sob a liderança de Campinas. O outro ingrediente foi a diversificação da economia campineira, que seria fundamental para manter o vigor da cidade mesmo com o forte declínio do poder do café a partir de 1929. Em função do capital acumulado pelo setor cafeeiro, nas primeiras décadas do século 20 consolidou-se em Campinas um importante polo comercial e de serviços, além de um parque industrial cada vez mais sólido.
Outro ingrediente fundamental para o renascimento de Campinas nas décadas de 1900 – 1909 foi a influência dos imigrantes europeus na cidade. Campinas foi um dos principais polos de atração de imigrantes europeus (italianos, portugueses, espanhóis, suíços e alemães), durante o processo de substituição da mão-de-obra escrava no final do século 19. No inicio do século 20 os imigrantes continuaram chagando à cidade e, em 1918, os estrangeiros já somavam 23,3% da população, de cerca de 100 mil pessoas. Em 1905 os estrangeiros já eram donos de um terço das propriedades agrícolas, índice que sobe para 50% em 1920.

Outro elemento vital para a redenção de Campinas nos anos pós-febre amarela foi o elenco de ações voltadas para garantir a saúde pública e qualidade de vida em geral. Os vários segmentos sociais – se convenceram de que o empenho pelo bem coletivo era o caminho mais curto para a construção de uma comunidade próspera e mais feliz. Esta é a grande lição a ser apreendida dos primeiros anos do século 20 em Campinas.

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