A
Capital Café com Leite
Em
1900 Campinas é a capital da República do Café com Leite, assim batizada para
caracterizar a aliança dos fazendeiros do café de São Paulo e Minas Gerais. No
início do século 20 o presidente dessa República é um campineiro, o advogado
Manuel Ferraz de Campos Salles, vereador na cidade entre 1873 e 1880.
Outro
campineiro, Francisco Glicério de Cerqueira Leite (vereador em 1881 – 82),
também foi membro do primeiro governo republicano, como o ministro da poderosa
pasta da Agricultura.
Um
dos principais polos cafeeiros do Brasil, Campinas havia sido de fato um dos
berços do republicanismo, inspirado ideologicamente no positivismo de Augusto
Comte. O próprio Campos Salles havia sido um dos fundadores em Campinas do
Colégio Culto à Ciência (inaugurado a 12 de janeiro de 1874), que recebeu esse
nome como um atributo ao positivismo, a teoria que acreditava no progresso
científico da sociedade, mas com ordem, sob estrito controle militar. Não pro
acaso, “ordem e progresso” acabaria sendo o dístico escolhido para a bandeira
da República do Brasil.
Campinas
tinha todas as condições econômicas e políticas para superar a crise
devastadora aberta com as epidemias de febre amarela. Apesar do predomínio
ainda absoluto do café, já estava em gestação na cidade um incipiente complexo
industrial, ao lado de atividades comerciais e de serviços igualmente em
crescimento.
Com
esse pano de fundo, Campinas foi se modernizando, e aos poucos a pequena cidade
de 70 mil habitantes em 1900 foi adquirindo os ares de núcleo urbano quase
cosmopolita, condizente com sua importância política e econômica. Os barões de
café que gostavam de viajar à Europa e de cultivar hábitos aristocráticos, já
haviam patrocinado no final do século 19 muitas obras idealizadas para dar um
perfil mais “civilizado” à cidade herdeira da Freguesia das Campinas do Mato
Grosso e da Vila de São Carlos. Muitas dessas obras (como o Matadouro
Municipal, algumas mansões e a conclusão da Catedral) foram concebidas por
Francisco de Paula Ramos de Azevedo, o arquiteto formado na Bélgica e que
assinaria ainda realizações capitais na cidade de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário