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domingo, 23 de fevereiro de 2014

1900 – 1919 A Cidade da Esperança 2

A Capital Café com Leite

Em 1900 Campinas é a capital da República do Café com Leite, assim batizada para caracterizar a aliança dos fazendeiros do café de São Paulo e Minas Gerais. No início do século 20 o presidente dessa República é um campineiro, o advogado Manuel Ferraz de Campos Salles, vereador na cidade entre 1873 e 1880.
Outro campineiro, Francisco Glicério de Cerqueira Leite (vereador em 1881 – 82), também foi membro do primeiro governo republicano, como o ministro da poderosa pasta da Agricultura.
Um dos principais polos cafeeiros do Brasil, Campinas havia sido de fato um dos berços do republicanismo, inspirado ideologicamente no positivismo de Augusto Comte. O próprio Campos Salles havia sido um dos fundadores em Campinas do Colégio Culto à Ciência (inaugurado a 12 de janeiro de 1874), que recebeu esse nome como um atributo ao positivismo, a teoria que acreditava no progresso científico da sociedade, mas com ordem, sob estrito controle militar. Não pro acaso, “ordem e progresso” acabaria sendo o dístico escolhido para a bandeira da República do Brasil.
Campinas tinha todas as condições econômicas e políticas para superar a crise devastadora aberta com as epidemias de febre amarela. Apesar do predomínio ainda absoluto do café, já estava em gestação na cidade um incipiente complexo industrial, ao lado de atividades comerciais e de serviços igualmente em crescimento.

Com esse pano de fundo, Campinas foi se modernizando, e aos poucos a pequena cidade de 70 mil habitantes em 1900 foi adquirindo os ares de núcleo urbano quase cosmopolita, condizente com sua importância política e econômica. Os barões de café que gostavam de viajar à Europa e de cultivar hábitos aristocráticos, já haviam patrocinado no final do século 19 muitas obras idealizadas para dar um perfil mais “civilizado” à cidade herdeira da Freguesia das Campinas do Mato Grosso e da Vila de São Carlos. Muitas dessas obras (como o Matadouro Municipal, algumas mansões e a conclusão da Catedral) foram concebidas por Francisco de Paula Ramos de Azevedo, o arquiteto formado na Bélgica e que assinaria ainda realizações capitais na cidade de São Paulo.

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