O
juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato em 1°
grau, autorizou ontem a abertura de inquérito específico para que a Polícia
Federal investigue o sítio Santa Barbara, em Atibaia, usado pelo ex-presidente
Luis Inácio Lula da Silva. A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF)
suspeita que empreiteiras – como OAS e Odebrecht – tenham realizado obras na
propriedade como compensação por contratos com o governo.
O
pecuarista José Carlos Bumlai, já investigado na Lava Jato, também pode ser
alvo de inquérito por ter, conforme apurações, emprestado um arquiteto para a
obra.
Até
então, as suspeitas eram investigadas em um inquérito que tem como alvos apenas
executivos da OAS. Estavam sendo apuradas inicialmente suspeitas de crimes de
peculatos (apropriação de bem por agente público e seus cúmplices) e lavagem de
dinheiro.
“Considerando-se
que o IPL (Inquérito Policial) 0594/14 (já relatado e que aguarda perícia em
andamento) diz respeito especificamente à empresa OAS, entendemos ser
necessário o desmembramento dos documentos produzidos no bojo deste IPL que digam
respeito à investigação da suposta relação do imóvel localizado em Atibaia/SP,
com a empresa OAS e outras empresas e pessoas físicas investigadas na Operação
Lava Jato, reunindo-se o material produzido em novo IPL a ser instaurado, após
a autorização judicial, em dependências ao IPL 1041/13”, diz o pedido da PF.
Sigilo
Com
a decisão, um novo inquérito – sigiloso – foi aberto. “Além da extensão da
investigação para além do âmbito da empresa OAS, entendemos que as diligências
em cursos demandam necessário sigilo, já que o fato ainda está em
investigação”, informa a PF na representação a Moro.
Além
das obras supostamente realizadas por empreiteiras acusadas de fatiar obras na
Petrobras mediante pagamento de propinas, a força-tarefa da Lava Jato investiga
quem são os donos do sítio e quais as relações do advogado Roberto Teixeira,
compadre do ex-presidente Lula, com a compra e a reforma do sítio Santa
Barbara.
A
propriedade está no nome de Fernando Bittar, filho do ex-prefeito de Campinas
Jacó Bittar (PT), e do empresário Jonas Suassuna – sócio de um dos filhos de
Lula. O negocio foi formalizado em 29 de outubro de 2010 no escritório de
Teixeira, padrinho do filho caçula do ex-presidente, Luis Cláudio. A família de
Lula usa frequentemente o sítio, que foi reformado em 2011, após sua compra.
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